PCP solidário com o povo grego recusa empréstimo à Grécia
Senhor Presidente,
Senhores Deputados,
A situação que se vive na Grécia e noutros países é a consequência da irracionalidade do sistema vigente na União Europeia.
Uma política assente em orientações monetaristas favoráveis aos grandes grupos económicos e às potências do directório da União Europeia, mas que penaliza fortemente as economias menos desenvolvidas, designadamente com a política do euro forte e com a imposição de critérios monetaristas artificiais 3% com consequência no investimento público, na dinamização do mercado interno, nas desigualdades sociais.
Uma política que conduz à crescente financeirização da economia, à degradação das capacidades produtivas dos países menos desenvolvidos, como acontece com Portugal, à estagnação e à recessão.
Uma política que se orienta para o benefício do capital especulativo.
Ao longo da crise em curso foi gritante a falta de solidariedade da União Europeia e em especial das suas principais potências. Deixou-se agravar o ataque dos especuladores em relação à Grécia, e também em relação ao Portugal e outros países, quando a situação podia e devia ser travada com uma posição mais forte perante essas operações. Está hoje aliás evidente que as notações e as supostas inseguranças dos mercados, nada mais são do que a pressão para aumentar o juro das dívidas e assim as margens de lucro do capital especulativo.
Nesta crise ficou claro como funciona a União Económica e Monetária. Um bom exemplo é a acção do BCE, guardião da ortodoxia monetarista. O BCE pode emprestar e empresta dinheiro a instituições bancárias, independentemente até da sua solidez, à taxa de 1%. Mas está proibido de emprestar dinheiro aos Estados em dificuldades, por imposição e interesse da Alemanha.
E mesmo perante a situação de crise, a evidenciar que é preciso fomentar a economia dos países menos desenvolvidos, mantêm-se absurdamente os critérios monetaristas dos 3% de défice, mesmo que isso implique uma ainda maior destruição das economias, do emprego, do desenvolvimento.
O que se propõe agora à Grécia é uma dose cavalar da mesma política que tem sido imposta todos estes anos e que também não queremos para o nosso país.
Congelamento de salários e pensões, corte de subsídio de férias e de Natal para trabalhadores e reformados, redução de salários na administração pública, aplicação de uma regra 5/1 nas entradas e saídas da administração pública, mais uma revisão brutal do investimento público, destruição de direitos e salários no sector privado, privatização e liberalização de sectores públicos essenciais, encerramento de serviços públicos por exemplo ferroviários, contracção fortíssima de despesa social, etc. etc..
Estas medidas vão criar mais dificuldades à Grécia, tal como as que entre nós estão a ser aplicadas criam em Portugal. Sem dinamização do mercado interno, sem mais investimento não há crescimento. Sem crescimento não há receita. Sem receita não há dinheiro para pagar a dívida pública.
Mais ainda, este dinheiro vai, mais uma vez, para o sistema financeiro. Para os mesmos que criaram a crise, que lucraram com ela, que dinamizam a especulação. (BES)
Entretanto pagam os mesmos de sempre: os trabalhadores e o povo.
Estamos contra este caminho, como estamos contra a aplicação no nosso país da política que ele perpetua.
Sim, a União Europeia deve ajudar a Grécia. Mas o que está aqui em causa não é uma ajuda, é uma condenação ao atraso, à dependência, à crise social. As verdadeiras ajudas não chegaram a aparecer.
E não nos digam que este caminho é inevitável!
Estamos fartos que nos digam que só há este caminho; que o resultado seja a estagnação, a recessão e a pobreza e ainda assim nos digam que só há este caminho.
Que o sistema favoreça os especuladores e ainda assim nos digam que só há este caminho.
Que as desigualdades aumentem e ainda assim nos digam que só há este caminho.
Que os grupos económicos e o grande capital concentrem cada vez mais a riqueza e nos digam que só há este caminho.
Que o desemprego e a precariedade alastrem, que os salários as reformas e as prestações sociais sejam cortados e nos digam que só há este caminho.
Não, Srs. Deputados não há só este caminho. Este caminho não serve o povo grego, nem o povo português nem os povos da Europa.
É por isso que cada dia está mais claro que para a Europa, como para Portugal, é preciso outro rumo, é preciso outro caminho.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário