quinta-feira, 11 de novembro de 2010

DA ROBÓTICA Á CIÊNCIA COGNITIVA

Acabo de ver um programa na televisão, que só veio agravar as preocupações que de há muito tenho, sobre a futura evolução da humanidade na vertente do seu primeiro e principal direito, que é o direito ao trabalho.
Nele se confirmou á evidência, os perigos que se adivinham para os trabalhadores, na sua dependência dos postos de trabalho, em consequência do desenvolvimento que no campo científico tem tido a robótica, a nano tecnologia, a inteligência artificial e a ciência cognitiva.
Falava-se nesse programa, da capacidade de se poder transcender o actual ser humano, devido aos enormes progressos feitos na área da nano tecnologia, que aumenta ao infinito as capacidades do homem, através da ligação de chips ao seu sistema nervoso, exponenciando as suas capacidades em termos de armazenagem de dados, conhecimentos e outra lógicas.
Se também juntarmos a isto o conhecido desenvolvimento científico que a genética tem sofrido e que nesta altura já sabemos ser capaz de seleccionar indivíduos que possam ser imunes a determinadas doenças.
Está também nas suas possibilidades ser capaz de aumentar outras características distintivas, actualmente inimagináveis, mas que poderão de uma maneira já previsível, não só substituir artificialmente partes do corpo humano, como também desenvolver características biológicas específicas.
Na realidade isto constitui uma mistura explosiva para a evolução humanidade.
Ao tornar-se possível, determinadas pessoas ou grupos, seleccionarem os privilegiados que possam beneficiar dessas regalias, corre-se o risco de se estar a criar um grupo ou até mesmo uma classe dominante inatingível.
Será facilmente admissível, que num estágio desses, ao submeter todos os restantes, às normais leis da natureza, a consequente desigualdade de direitos e oportunidades, constituiria uma regressão para a humanidade, semelhante a que constituiu o negro período histórico da escravatura.
Há pouco tempo, na “Conferência sobre o poder económico, desigualdades sociais e liberdades democráticas”, levada a cabo pelo PCP no Hotel Plaza, interpelei os conferencistas, durante o período destinado às intervenções da assistência, sobre os problemas que levantava para o mercado do trabalho, as futuras relações de produção. (Vide relato neste Blogue no dia 15 de Fevereiro)
Na actual situação das relações de produção e dada a sua previsível evolução, os donos dos meios de produção têm toda a possibilidade de dispensarem “mão-de-obra” a seu belo prazer, e substituí-la por simples robots e outros automatismos mecânicos, baseados na inteligência artificial, na informática, ou em alguma das novas tecnologias.
Era minha intenção falar por exemplo, do facto de já existirem há anos robôs móveis autónomos, que aprendem e executam por imitação, que são capazes de deslocar um objecto para um qualquer lugar imitando quem (ou o quê) tinha sido feito anteriormente, através de um autêntico sistema nervoso composto por pequenos computadores.
Já se chegou em laboratório a obter uma reacção, que se pode considerar como reflexa, pela alteração do meio envolvente e há fortes possibilidades de em breve se conseguir robôs que consigam raciocinar, através de uma estrutura análoga á do cérebro, chegando-se mesmo a proporcionar a esses robôs uma consciência artificial.
Não estou a ignorar os estudos feitos e desenvolvidos pelo nosso cientista Professor António Damásio, pioneiro absoluto sobre os factores humanos da consciência, mas a limitá-los na sua extensão às questões espirituais ou de crença.
Tudo isto será terrível para os seres humanos que estejam dependentes dos vários poderes, para trabalhar e sobreviver, com um mínimo de felicidade.
Mais, é incrível, que matérias desta natureza, com tantas e dramáticas consequências para a humanidade e sobretudo para o mundo do trabalho, seja quase um “Segredo dos Deuses” e só em longínquos, raros ou especialíssimos meios, os leigos têm acesso a estas matérias, de vital importância para todos nós.
Tudo isto gostaria de ter referido, mas para não alongar a minha intervenção, limitei-a ao mínimo possível, na expectativa que na segunda parte da conferência, fossem tidas em consideração as minhas resumidas alegações.

Nenhum dos conferencistas abordou estes aspectos fundamentais das relações de trabalho e da propriedade dos meios de produção, o que para mim constituiu uma terrível frustração, pois considero, se os trabalhadores não estiverem atentos a estes factos, serão apanhados de surpresa numa situação laboral e de sobrevivência a que dificilmente poderão responder.
Eu pessoalmente estou convencido, que pelo caminho que as coisas estão a levar, só numa situação revolucionária, será possível mudar o curso dos acontecimentos.
O tempo o dirá!!!!

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