segunda-feira, 1 de agosto de 2011

FIM DOS EMPREGOS

RESENHA DO LIVRO DE JEREMY RIFKIN

Em "O Fim dos empregos", Jeremy Rifkin apresenta uma visão um tanto preocupante, e, ao mesmo tempo, esperançosa do futuro. O autor argumenta que o mundo está entrando em uma nova fase na história. Após as previsões de Alvin Toffler em "A Terceira Onda" , e Marshall Mc Luhan com sua "Aldeia Global", ambos prevendo que o mundo no século XXI seria maravilhoso, uma espécie de "aldeia global", com todos os seres falando a mesma língua, usando as mesmas roupas e ouvindo as mesmas músicas, Rifkin prevê um futuro não tão brilhante: a sociedade caminhando para um declínio dos empregos.
Esta nova fase, chamada por Rifkin de a terceira revolução industrial, é o resultado do surgimento de novas tecnologias, como o processamento de dados, a robótica, as telecomunicações e as demais tecnologias que aos poucos vão repondo máquinas nas atividades anteriormente efetuadas por seres humanos. De fato, o que vemos hoje, como um prenúncio das previsões de Rifkin é a automatização de escritórios, comércio e indústria a níveis nunca antes observados. Computadores fazem o trabalho de dezenas de seres humanos. Robôs, de milhares, e a custos infinitamente inferiores, sem férias, dores de cabeça, TPM ou benefícios.
A mais sombria previsão de Rifkin é que os trabalhos perdidos pelo ser humano para as máquinas nunca mais serão feitos por homens. Rifkin desmistifica em seu livro todos os Paradigmas promovidos pelos interesses de empresários que, automatizando seus empreendimentos afirma que isso apenas irá estimular o crescimento econômico. Na realidade isso é a pura verdade, mas a que custo?
Rifkin afirma que a automatização proveniente de máquinas e computadores, oferece um ganho em produtividade e uma redução de custos, que a princípio oferece a falsa visão que mais pessoas poderão entrar no mercado de consumo e adquirir bens. O mesmo produto que era inatingível para alguns consumidores, décadas atrás, hoje em dia estão nas prateleiras a preços muito acessíveis. Mas a questão é: se as pessoas estão desempregadas, qual seria o preço justo a se pagar por um produto?
A teoria de que automatização gera maior produção. Maior produção gera a produtividade. A produtividade gera preços baixos. Preços baixos aumentam a demanda, aumentando por sua vez a produção que a seu turno aumenta o nível dos empregos, é rejeitada por Rifkin, já que a cadeia é correta a não ser na sua conclusão: a produção hoje não aumenta o nível dos empregos mas sim, traz mais automatização reduzindo o trabalho dos seres humanos.
Na realidade, estamos presenciando em este fim de século um "sem precedentes" declínio no nível dos empregos e uma drástica redução do poder aquisitivo da população mundial.
O autor faz uma análise meticulosa de como a tecnologia afectou e continua afectando a forma em que as pessoas têm realizado suas tarefas na agricultura, produção e sectores de serviço durante o nosso século. Cada nova inovação, afirma Rifkin, traz um aumento de produtividade. Cada inovação, no entanto tem colocado à margem do trabalho milhares de operários cujas funções eram redundantes com o que a nova tecnologia trouxe.
No passado, afirma Rifkin, estas "vítimas" do desemprego causado por novas tecnologias, eram absorvidas por outros sectores do ciclo laboral. Desempregados da indústria de alta tecnologia iam para a indústria de baixa, os de baixa para os serviços, os de serviços para a construção, os de construção para a agricultura e assim sucessivamente. Hoje em dia, com tecnologias de ponta até na agricultura, como as ceifeiras e debulhadoras automáticas, milhares de trabalhadores estão sendo substituídos por duas ou três máquinas que fazem o mesmo trabalho a um custo inferior, e em turnos ininterruptos.
No livro "O Fim dos Empregos", Rifkin relaciona uma série de empregos e funções que foram ou estão sendo paulatinamente substituídos pela automação. Os bibliotecários, por exemplo, estão sendo substituídos por sistemas de busca electrónicos que localizam em segundos a informação que o leitor deseja. Falando em livros, apesar da criatividade humana, a princípio, nunca poder ser substituída por chips, Rifkin nos faz lembrar do primeiro livro escrito por um computador, lançado em 1993 nos Estados Unidos. Intitulado "Just This Once" (Apenas desta vez, em uma tradução livre), o livro teve 75% do seu texto criado por um computador alimentado com Software de inteligência artificial. O livro vendeu na sua primeira edição 15.000 exemplares. Duas a três vezes o que qualquer livro "normal" venderia no Brasil em sua primeira edição.
Uma realidade no entanto está prevista por Rifkin: por mais que o nível de empregos decline, nem todos estarão desempregados na nova sociedade baseada na informação. Para ele, um pequeno número de trabalhadores no sector da informação e do conhecimento, irão prosperar, já que o seu "know-how" será cada vez mais necessário na criação, desenvolvimento e manutenção dos equipamentos necessários à automação. Os profissionais da tecnologia se constituirão em uma nova elite da sociedade.
Enquanto alguns novos trabalhos serão criados pelas novas tecnologias, Rifkin afirma que essas novas oportunidades não serão suficientes para empregar o crescimento vegetativo da população, muito menos aqueles que perderam seus trabalhos devido às próprias tecnologias.
Outro segmento que irá sobreviver na nova economia global será o da alta administração. Rifkin nos oferece dados afirmando que os altos executivos atuais são o segmento que mais tiveram os seus rendimentos aumentados nos últimos 50 anos. O mais preocupante é que o salário de um Chief Executive Officer, nos Estados Unidos pulou de 29 vezes o salário de um operário em 1979 para 93 vezes em 1988...
As vagas que estão desaparecendo, principalmente nos níveis mais baixos da produção poderão, segundo Rifkin afectar as taxas de criminalidade nos países mais desenvolvidos, já que o desempregado sem esperança afluirá às ruas em atitudes de descontentamento e violência.
Rifkin afirma que o valor intrínseco do salário do ser humano está se tornando cada vez menos importante no processo de produção. Ele afirma que novas formas de distribuição dos frutos da implementação da automação terão que ser implementadas nos próximos anos. Primeiramente, os dramáticos avanços em produtividade terão que ser "casados" com a redução de horas trabalhadas e com o aumento de salários. Infelizmente, as tendências nos últimos anos mostraram o contrário: os americanos estão paradoxalmente trabalhando mais horas por dia do que faziam na década de 20 e recebendo cada vez menos participações nos lucros das empresas que trabalham.
Este fenómeno, observa Rifkin, é o resultado da introdução da tecnologia, que tem possibilitado às empresas demitir trabalhadores criando um verdadeiro exército de desempregados. Os que permanecem nos empregos, no entanto, se sentem compelidos a trabalhar cada vez mais, por salários cada vez menores. As empresas que se auto denominam "competitivas" tem optado por trabalhar com uma folha de pagamento cada vez menor, obrigando os trabalhadores a produzir mais.
A Segunda solução proposta por Rifkin para contra atacar os impactos criados pela tecnologia cabe aos governos. Consiste em que eles criem um maior apoio para o que Rifkin chama de "Terceiro Sector" ou sector social, onde diferentemente dos sectores comerciais, as mudanças de ganhos e perdas são menos importantes, e o que importa, no fim é o aspecto social.
Rifkin nos dá como exemplo os Estados Unidos onde 1 milhão e quatrocentas mil organizações sem fins lucrativos contribuem com aproximadamente 6% da economia e é responsável por 9% do nível de emprego total.
O aspecto sombrio de Rifkin se reflecte nos números que apresenta como fatos e previsões. O mais terrível é que 2020 é o ano em que virtualmente se esgotarão as possibilidades de emprego. Temos portanto 17 anos para nos preparar para um mundo que se automatizou aproveitando a mão-de-obra humana ou para literalmente chegarmos ao "FIM DOS EMPREGOS"

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