AS RAZÕES DA CRISE E O
MAIS QUE ADIANTE SE LERÁ.....
“O MILITANTE” publicou um artigo de Carlos Carvalhas sobre a situação económica mundial, que reproduzimos na íntegra no “OLHAR À ESQUERDA - Desenvolvimentos”, a que poderá ter acesso no fim deste texto.
São impressionantes as afirmações deste economista.
Não só pela lucidez da sua análise, simplicidade da exposição e forma clara como nos faz perceber a gravidade da situação.
A clareza meridiana como coloca a problemática da crise mundial, as actuais relações de produção, a natureza do deficit americano e a posição da banca perante a crise mundial, são uma lição de inteligente perspicácia e chegam a tornar doloroso, como é possível aceitar que assim se continue.
É um artigo fundamental, para compreender os mecanismos desta crise que avassala o mundo e em que medida ela é da inteira e exclusiva responsabilidade dos Estados Unidos.
O capitalismo utiliza o Sistema, para manter o domínio económico e financeiro, baseado no artifício de manter o dólar, como moeda de referência Mundial.
Qualquer cidadão consciente, que entenda as bases em que o capitalismo faz funcionar o Sistema, percebe que está a entregar o resultado do seu esforço laboral, através de um código elaborado pelo capitalismo, representado pelo “dinheiro”, cuja única justificação, é representar a vantagem, de não ter de ir ao mercado comprar a comida da família e ter de levar uma ovelha, um porco ou uma vaca, para compensar o que comprou.
Vejamos muito resumidamente a última etapa da manobra capitalista para dominar o sistema de trocas.
Essa ultima fase que estou a referir, pode-se considerar que começa em 1944, a partir do Tratado de Bretton Woods, onde foram estabelecidos os parâmetros em que se iriam processar as relações comerciais internacionais.
Os Estados Unidos como potência dominante na época, acordou com os 44 países mais industrializados, estabelecer o dólar com a referência mundial, para poder tornar viável, a equiparação entre as várias moedas nacionais.
Em troca acordaram, que por cada 35 dólares que fosse apresentado á Reserva Federal americana, os Estados Unidos entregariam ouro equivalente a uma onça Troy.
Acontece que em 1971, Richard Nixon mandou às ortigas esse acordo, deixando de fazer a correspondência entre o dólar e o ouro, como fora acordado em Bretton Woods e passou a imprimir as notas sem a respectiva caução em ouro, que garantia a paridade efectiva do dólar.
Está visto que a partir daí, era só imprimir os dólares necessários para pagar os deficits da balança de pagamentos americana, que hoje é incontrolável e está na génese da crise mundial, que todos somos chamados a pagar.
Para se fazer uma ideia da evolução da situação, basta ver o valor das cotações do ouro nestes últimos anos.
1944-35 Dólares por uma onça (Acordo de Bretton Woods)
2009-1217 Dólares por uma onça
Se a isto juntarmos o facto de já andar em circulação, cinco vezes mais dólares do que o total da produção mundial , então começamos a entender a que ponto vi a exploração capitalista.
A manutenção da hegemonia mundial do dólar é uma fatalidade tão evidente, que a China, Rússia, Brasil, India etc., estão a diversificar o pagamento das matérias-primas e produtos exportados, não só em moedas e outros valores que não o dólar e a comprar quantidades imensas de ouro, para consolidar as suas reservas financeiras.
No que diz respeito a Portugal em particular, o problema é de outra natureza e ainda mais grave, porque assenta no facto de ter sido destruído o nosso aparelho produtivo, tornando o nosso país, absolutamente dependentes das importações. Não tendo um modo de produção que compense, o nosso deficit aumenta diariamente de uma forma astronómica.
Não há remédio para o deficit, enquanto não aumentarmos a “nossa”capacidade produtiva.
Fala-se muito em investimento estrangeiro, para aumentar os postos de trabalho, mas é preciso ter em atenção, que quando estamos a resolver o problema do desemprego, com esse investimento, não podemos esquecer que as mais-valias vão directamente para os bolsos desses capitalistas, tal como já hoje acontece, em que se dá a saída de milhares de milhões de euros em lucros, dividendos, royalties, para compensar o capital estrangeiro investido.
De tudo isto nos fala Carlos Carvalhas de uma forma extremamente pedagógica.
Vejamos então na íntegra esse importantíssimo artigo, desse extraordinário economista.
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